Desde os primórdios da humanidade, muitos acreditam que a Terra é apenas um recurso a ser explorado, uma propriedade dividida entre nações e indivíduos. No entanto, essa visão reducionista ignora uma verdade maior: a Terra é um ser vivo.
Como qualquer organismo, ela cresce, evolui e se transforma, conectada de maneira profunda com tudo o que nela existe.
Separar a Terra em “meu” e “seu”, “nossos” e “deles”, é esquecer que o planeta é um só organismo, uma entidade indivisível que está em constante mudança, com ou sem a interferência humana.
A questão que se coloca hoje é: qual é o impacto da nossa existência sobre esse ser vivo?
Aceleramos o processo de transformação da Terra de forma descontrolada e, em nossa arrogância, exageramos na crença de que tudo o que existe nos pertence, como se fôssemos os únicos seres vivos do planeta.
No entanto, essa crença está nos levando por um caminho perigoso, onde as consequências são inevitáveis.
O Universo Reage com Dor
A Terra, assim como todo o universo, responde aos desequilíbrios que criamos.
Hoje, o planeta reage com dor: catástrofes naturais, mudanças climáticas extremas, a extinção acelerada de espécies, a degradação dos ecossistemas.
Tudo isso são sinais claros de que a natureza não perdoa.
Costuma-se dizer que “Deus perdoa sempre, o homem perdoa às vezes, mas a natureza nunca perdoa”. Essa frase carrega uma verdade dura: a natureza é impessoal.
“Ela não age com maldade ou bondade, mas sim com a busca pelo equilíbrio. “
Se a humanidade se tornou o caos da Terra, se nossa intervenção é um risco para a harmonia desse organismo vivo, pagaremos o preço por isso.
A natureza, para preservar a vida, precisa se resguardar e manter seu equilíbrio – mesmo que isso signifique nos afastar.
A Ressonância Límbica: O Que Perdemos ao Nos Desconectar
Há algo que perdemos ao longo de nossa evolução: a ressonância límbica.
Este conceito refere-se à capacidade dos mamíferos de se conectarem emocionalmente com outros seres de sua espécie ou de outras.
Um exemplo claro disso é o comportamento de uma leoa, que protege seus filhotes e até adota outros animais, cuidando deles com um instinto natural de empatia.
Nós, humanos, somos mamíferos, mas também somos racionais. E, ao longo de nossa história, fomos perdendo essa capacidade de nos sensibilizarmos com o outro.
Nossa racionalidade nos distanciou da nossa natureza instintiva de cuidado e conexão, e esse afastamento tem um preço.
Ao contrário dos animais, que mantêm essa nobreza e esse sentido de pertencimento, nós nos tornamos frios, insensíveis e incapazes de enxergar o sofrimento não só dos nossos semelhantes, mas também dos animais e da própria Terra.
Essa perda é visível na forma como tratamos o meio ambiente, na nossa falta de empatia com outras formas de vida.
Estamos criando narrativas que nos confortam, que nos fazem acreditar que algum dia alguém se sacrificará por nós e consertará o caos que criamos.
Mas a verdade é que estamos, aos poucos, nos afastando da realidade.
A Terra não é uma propriedade para ser explorada, e a vida não pode ser vista apenas através das lentes do que é conveniente ou confortável.
A Natureza como Guardiã da Ordem e do Caos
A natureza atua no sentido de ordem e desordem, de criação e destruição, e nós, como parte desse ciclo, precisamos entender o nosso papel.
Se continuarmos a ser agentes do caos, a natureza irá reagir para restaurar o equilíbrio.
As catástrofes que enfrentamos hoje são apenas um reflexo da desordem que causamos, e ignorar esses sinais pode custar caro.
Reflexões Finais: O Futuro que Escolhemos Criar
Estamos em um ponto crítico. A forma como tratamos a Terra, esse ser vivo em constante transformação, determinará nosso futuro.
Se continuarmos acreditando que somos os donos do planeta, sem considerar que estamos todos conectados – humanos, animais, plantas, oceanos, florestas –, as consequências serão inevitáveis.
A natureza vai se reajustar; e se nós formos o elemento que causa o desequilíbrio, seremos removidos dessa equação.
O projeto EcoAprender propõe uma nova forma de pensar, baseada na educação ambiental, na sustentabilidade e na inclusão social.
Precisamos aprender a ver a Terra como um todo, onde cada parte tem seu valor intrínseco e onde nossas ações afetam o todo.
“Não estamos separados da natureza – somos parte dela.”
A solução não está em esperar que algo ou alguém nos salve, mas sim em reconectar-nos com o planeta, com os outros seres vivos, e com a nossa própria humanidade.
Somente através de um esforço coletivo, consciente e empático, podemos restaurar o equilíbrio e garantir um futuro onde a vida, em todas as suas formas, possa florescer.
Oswaldo Lirolla
CEO do Projeto Ecoaprender